A Ciência de um Baile de Mastro é um projeto da PédeXumbo realizado em parceria com a Taipa – Organização Cooperativa para o Desenvolvimento Integrado e o Centro de Ciência Viva de Estremoz. Este projeto foi integrado no Programa Integra, financiado pelo Centro Ciência Viva.
O carácter transcultural das danças de mastro transforma-as num elemento agregador de um projecto que pretende unir pessoas de diferentes culturas, ajudando a quebrar barreiras. O projeto está previsto para 1 ano de execução, tendo começado em 2017, abordando diversas componentes e englobando sessões de dança, de circo e de ciência.
Os mastros atualmente associados às Festas de São João, em Portugal, têm origem no costume pagão de levantar o “mastro de maio”, ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa, alguns países africanos e América Latina.
Com o tempo, o levantamento do mastro de maio em Portugal passou a ser erguido em Junho e a celebrar as festas desse mês: um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos, envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites.De país para país, de região para região, de aldeia para aldeia, o mastro assume características próprias. Na Suécia, o mastro é decorado com milho e laranjas; em Espanha com cascas de ovo; na Letónia acende-se uma fogueira no topo do mastro (forma anciã de indicar a localização do baile a quem o procurava); em Cabo Verde a tradição perdura na ilha do Fogo, associada às danças de canizade; em Grândola enfeita-se com biscoitos; em Castro Verde com flores de papel…
Comum a todos os mastros de maio ou junho encontra-se a associação com os bailes populares. O mastro erguia-se, o baile armava-se.Por outro lado, os bailes dos mastros são uma metáfora perfeita para divulgar Ciência. Com efeito, o deslocamento circular dos participantes em torno de um objecto central aparece como uma analogia perfeita para uma série de sistemas naturais, desde o muito pequeno (como não nos lembrar dos electrões orbitando o núcleo dos átomos), até ao muito grande (onde os vários planetas se deslocam em movimentos circulares em torno da nossa estrela… o Sol).Mas estas analogias muito diretas não esgotam o processo de divulgação científica em torno dos bailes de mastro. O próprio mastro constitui um elemento com grande potencial em termos de divulgação científica. O estudo da evolução da sua sombra durante o dia devido ao deslocamento aparente do Sol permite-nos conhecer muito sobre a geometria do Universo onde vivemos. A repetição da clássica experiência de Eratóstenes de medição do raio da Terra utilizando a sombra de postes verticais em diferentes regiões da Terra, é o motivo ideal para unir pessoas de diferentes origens. Com efeito, as distâncias entre os diferentes países são de tal ordem que não nos permite perceber que o facto de vivermos num planeta esférico sempre perpendiculares à superfície da Terra em cada local (tal como os mastros). Este projeto permite que os participantes desvendem este passado feito de intercâmbios biológicos entre os seres humanos que foram evoluindo no planeta que habitamos que, quando vistos no seu todo, faça com que estejamos dispostos em relação à Terra como os raios de uma roda. Esta disposição surpreendente, é possível porque a gravidade nos “cola” impedindo de “cairmos” para o espaço. A compreensão desta geometria onde o Norte e o Sul e Este e Oeste surgem apenas como convenções culturais numa Terra esférica sem locais privilegiados. O facto de se estudar a variação das sombras ao longo do dia permite ainda introdução do conceito do tempo, servindo de pretexto à introdução dos relógios de Sol como uma das formas mais primordiais de medir o tempo.
Percebendo a geografia, compreende-se também melhor a disposição das populações e das suas migrações. Mas é fundamental perceber que estas migrações não são apenas um fenómeno recente e, foram as migrações do passado que deram origem à dispersão e diversidade genética das populações atuais.
Componentes do projecto:
O projeto está previsto para 1 ano de execução, onde abordará diversas componentes. Sempre que possível, de acordo com o respectivo tema.
2017 – janeiro a dezembro
1) 10 Sessões de dança e movimentos: Dinamização de aulas de dança de cariz tradicional
A oficina de danças de raiz tradicional explora o repertório das danças populares do mundo. Uma oficina que é uma viagem por ritmos e coreografias de outros países. Uma forma fácil e divertida de conhecer costumes e tradições de outros povos. As danças são muitas e variadas, passando pelas danças da Europa, até as danças da Polinésia e pelos ritmos quentes da África ou da América central, tudo é possível nesta viagens pelo sentir os sons.
2) 2 Sessões de Ciências dinamizadas pela equipa da Ciência Viva de Estremoz
Compreender a geometria onde o Norte e o Sul e Este e Oeste surgem apenas como convenções culturais numa Terra esférica sem locais privilegiados; Introdução do conceito do tempo, permitindo a introdução aos relógios de Sol como uma das formas mais primordiais de medir o tempo – conceitos que serão abordados em sessões dinâmicas e ligadas às danças aprendidas.
3) 6 Sessões de Circo
O circo? Que movimentos tão complexos! O corpo surpreende-nos quando começamos a experimentar novos movimentos, a provocar situações que não nos parecem fazíveis, mas no fim todos conseguimos ser por um dia artistas de circo! E será que conseguimos dançar horizontalmente como se estivéssemos na vertical? Nestas sessões o desafio é grande mas o resultado será ainda mais surpreendente.
4) Arraial Tradicional – celebração do projeto
Construção de um mastro por um artista plástico, combinando técnicas e formas de enfeite tradicionais, com contemporâneas (montagem do trabalho realizado pelos idosos) para ser utilizado num grandioso baile de mastros.
Este mastro será muito mais do que um elemento meramente artístico, pois irá incluir conceitos científicos básicos, dos quais o próprio conceito de verticalidade, surge apenas com um valor local. A utilização de um conjunto de mastros secundários com inclinações diferentes consoante os países de origem dos participantes na dança, permite perceber que afinal somos todos diferentes mas… todos iguais… Com efeito, o próprio mastro que traduz a situação existente em Portugal apresenta-se como uma inusitada posição inclinada para a qual a experiência do dia-a-dia não nos preparou.
A apresentação do trabalho de dança/circo desenvolvido pelas crianças, terminará com um baile tradicional – levando toda a comunidade a dançar!
Haverá melhor forma de comunicar do que a dançar?
Todas as sessões de dança serão dirigidas a crianças, professores, educadores e familiares.
Paralelamente será planificado um trabalho de registo e pesquisa das tradições locais, que poderá vir a ser publicado em formato de brochura.
De forma descomprometida e no seguimento da ligação estabelecida com algumas pessoas de São Teotónio, Amoreiras-Gare e Santa Clara-a-Velha, foi realizado em simultâneo às atividades do projeto A Ciência de Um Baile de Mastro, uma recolha ligeira das várias práticas culturais à volta dos Mastros no concelho de Odemira, que agora se disponibiliza e promove através desta publicação.
As conversas realizadas, a aprendizagem prática de técnicas e métodos possibilitada pela proximidade estabelecida com as comunidades locais, assim como alguma pesquisa feita em edições e arquivos do concelho de Odemira, dão assim origem a esta brochura que se quer como um manual prático sobre a temática dos Mastros.
Uma edição para se aprender a fazer!Livraria Fonte de Letras, Évora
Livraria Ler Devagar, Lisboa
Tabacaria e papelaria , Traço Fino, São Teotónio
Loja online PXUma edição PédeXumbo
Textos e imagens de Leonor Carpinteiro e Marta Guerreiro
Impressão a uma só cor em serigrafia na Oficinas do Convento – Associação Cultural de Arte e Comunicação, sobre papel reciclado de 140gr.
Acabamentos feitos manualmente
1ª Edição com tiragem de 200 exemplaresSobre a colecção de brochuras Para Conhecer e Fazer
Para Conhecer e Fazer – Mastros Tradicionais é o primeiro número de uma nova linha de publicação da PédeXumbo, a que se pretende vir a dar continuidade a partir de 2018, sob o mote Para Conhecer e Fazer.
Consiste numa coletânea de brochuras produzidas através de métodos artesanais, dedicadas a técnicas e/ou objetos específicos no âmbito das tradições relacionadas com a dança e música tradicional, em determinada região do país.
Para além de itens colecionáveis com valor artístico, são veículos de transmissão de conhecimento de um modo informal e visualmente eficiente.
Manuais práticos que incitam à experimentação!
A Sessão de Encerramento do projeto A Ciência de Um Baile de Mastro está agendada para dia 16 de dezembro 2017.
Nesta sessão, que terá início às 15h00 na Sociedade Recreativa S. Teotoniense em São Teotónio, será mostrada uma reportagem videográfica alusiva ao projeto, lançada a brochura “Para Conhecer e Fazer: Mastros Tradicionais”, uma nova edição PédeXumbo onde se reuniram informações sobre as tradições dos mastros recolhidas no concelho de Odemira; esta sessão contará ainda com a presença e intervenção de parceiros do projeto, como é o caso do Centro de Ciência Viva de Estremoz, representado pelo Prof. Doutor Rui Dias, da Profª Doutora Maria do Carmo Clemente do IMM – Instituto de Medicina Molecular, Universidade de Lisboa e da Dra. Ana Clemente da GenoMed – Diagnósticos de Medicina Molecular, SA.
A entrada é livre.
O projeto A Ciência de um Baile de Mastro, que a PédeXumbo está a desenvolver em S.Teotónio, no Concelho de Odemira, vai ser celebrado numa Festa Comunitária dia 29 de setembro, às 19h00, dando assim a conhecer as várias vertentes desenvolvidas na sessões de dança, circo, ciência e artes plásticas que decorreram ao longo do ano.
Esta festa é aberta a todos e para além do convívio onde a música e a dança não vão faltar, esta será uma oportunidade única para partilha de saberes e culturas, no seio de uma freguesia com uma numerosa comunidade imigrante.
Entrada livre.