A atriz e criadora Lúcia Caroço foi a vencedora da Bolsa da PédeXumbo «Criações para Dançar» 2023 e já está em residência artística no Espaço Celeiros, por duas semanas!
Esta bolsa para a residência «Criações Para Dançar» nasce de uma vontade da PédeXumbo em desenvolver novos projetos performativos, nas áreas da dança e/ou música, com o especial interesse para o conhecimento, valorização e devolução de estilos coreográficos tradicionais e, ao mesmo tempo, como incentivo a uma visão criativa e a uma atitude reflexiva sobre os mesmos nos corpos de hoje. Assim, a proposta vencedora este ano foi a da artista Lúcia Caroço, que propõe uma performance homenagem ao Alentejo, a partir do reino coreográfico do típico “Baile da Pinha” em contacto com o universo sonoro do Alentejo e da música popular alentejana.
O “Baile da Pinha” remete a épocas antigas, associado ao quarto domingo da Quaresma, como a festividade da alegria e da aproximação ao divino. A pinha é, talvez por essa razão, representada em diversas culturas, na arte e na arquitetura, como símbolo de alto grau de iluminação espiritual e de vida eterna, representando também o “olho da mente” ou o terceiro olho. Nesta criação refletir-se-á sobre esta ligação entre a simbologia da Pinha e o baile a si dedicado e a sua coreografia e significado.
Enquanto alentejana e artista emergente no território alentejano, o interesse de Lúcia por esta matéria parte de uma curiosidade pela componente de criação e transformação dramatúrgica aliada à transfiguração e transformação da matéria corporal do ator, recuperando práticas performáticas tradicionais, através de uma perspetiva estética contemporânea. Em três fases, a atriz vai começar pela investigação e recolha de testemunhos, com a comunidade eborense que participou neste tipo de festividade, passando à realização da residência de criação da performance e, por fim, a uma terceira fase que será dedicada à apresentação do objeto artístico, bem como de outros elementos de apresentação que possam existir, tais sessões de esclarecimento ou workshops de teatro físico.
Promovendo o património artístico e fomentando a criação artística, realizada por uma , este projeto de cruzamento disciplinar assenta numa premissa de sensibilização para com o material artístico popular do território e a sua respetiva fruição e reinterpretação, com especial foco na cultura coreográfica e musical tradicional através da criação de uma performance. Através desta, promover-se-á a participação das comunidades e dos públicos nos diversos domínios da atividade artística, estimulando o contacto com as práticas artísticas tradicionais, através da reescrita e reinterpretação das mesmas.
O Projeto trabalhará enquanto motor de sensibilização e promotor de boas práticas de acessibilidade à arte, pretendendo-se fomentar a coesão territorial e corrigir assimetrias de acesso à criação e fruição culturais.
Esta criação de Lúcia Caroço, ainda à procura de nome, tem estreia marcada para o primeiro dia do Festival Desdobra-te, que acontece de 17 a 19 de novembro, em vários espaços da cidade de Évora. E, a partir de dezembro, integra o Catálogo de Criações PédeXumbo em Viagem, proporcionando assim a difusão e promoção do trabalho de uma maior bolsa de artistas.
Lúcia Caroço (1997, Évora), é criadora e intérprete da performance “Laetare”. É atriz, performer e criadora, Licenciada em Teatro pela Escola de Artes da Universidade de Évora (2019) e Mestre em Artes Cénicas, Vertente de Interpretação e Direção Artística pela Escola de Música e Artes do Espetáculo do Politécnico do Porto (2021), atualmente é doutoranda do Programa Doutoral em Criação Artística da Universidade de Aveiro, em parceria com o Politécnico do Porto e o Politécnico de Leiria, onde desenvolverá uma investigação em que se propõe realizar atualizações estéticas de práticas culturais e tradicionais alentejanas. Foca o seu trabalho no corpo do ator enquanto ponto de partida e de chegada do processo de criação e performance ao vivo. Iniciou o seu percurso no Teatro Amador em 2012, a partir dessa data foi construindo o seu percurso nas artes performativas, focando os seus últimos trabalhos numa exploração das artes performativas em total harmonia com as restantes artes, nomeadamente a música, a literatura e a dança. Fazendo, também, uso das suas valências enquanto dramaturga escreve textos cénicos originais, “FLORISCÓPIO” (2021) e “O QUE VIER” (2019). É fundadora da CALCANHAR D’AQUILES ASSOCIAÇÃO CULTURAL. Salientam-se no seu percurso os nomes de Teresa Brayshaw, Sara Carinhas, Gonçalo Amorim, MALVADA ASSOCIAÇÃO ARTÍSTICA de Ana Luena e José Miguel Soares, Telma João Santos, Joana Manuel, Inês Nogueira, João Lagarto, Margarida Gonçalves, Ana Mira, Trimagisto, e.o.