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“Em Lume Brando” as histórias escondidas que não têm lugar à mesa

Associação PédeXumbo (Atualizado em: 5 Agosto, 2021 )

Em Lume Brando é o solo de Joana Martins e parte de um diálogo vivo com o património gastronómico de Évora, dos processos de confeção das receitas típicas e de entrevistas a cozinheiras do território.

Esta atriz e criadora, natural de Viseu, com um percurso artístico muito ligado à cidade do Porto, deu resposta à Convocatória A/B da Associação Colecção B e de UM COLETIVO, com a parceria da PédeXumbo, e está agora em Évora, em residência artística no Espaço Celeiros, para descobrir histórias escondidas que não têm lugar à mesa.

«O projeto que eu propus é a partir do património gastronómico de Évora e das histórias das cozinheiras, sejam elas amadoras ou profissionais. Quero escutar estas histórias que por norma ficam assim quase que na invisibilidade ou não tem lugar à mesa, como eu tenho dito.»

Em Lume Brando traz no nome a calma de cozinhar alimentos, o tempo que um cozinhado nos dá para uma boa conversa até estar pronto! Mas, neste momento, é para Joana Martins uma corrida contra o tempo.

«Todo o processo desde o primeiro contacto com as pessoas, as primeiras entrevistas, a recolha de outro tipo de material e investigação, à conceção e daí à apresentação são mais ou menos 10 dias. E isto é realmente pouco. Mas tem sido um processo de grande aprendizagem também em que testo alguns limites meus, enquanto pessoa, enquanto criadora, enquanto cidadã e tem sido muito muito rico.»

Joana Martins desenhou este projeto para encontrar histórias sobretudo nas cozinhas do espaço doméstico, mas quando chegou a Évora percebeu que seria uma realidade difícil em tempos de pandemia. Foi no encontro com as cozinheiras de alguns restaurantes que encontrou o que procurava, relatos generosos de histórias de vida, em lugares onde a cozinha é o sítio para se estar em família.

«O meu contato aqui tem sido com restaurantes e o facto de entrar nos estabelecimentos comerciais permitiu-me assim um encontro mais rápido com pessoas que fazem da gastronomia profissão. Curioso foi perceber que apesar disso encontrei famílias! A maior parte delas efetivamente por laço familiar, porque são famílias proprietárias de restaurantes, mas mesmo quando existem funcionários que não são parte do agregado familiar encontram-se ali como família. E isso foi muito bonito de ver, até porque o trabalho em restauração é duríssimo – são horas e dias inteiros dedicados ao trabalho – e portanto há assim uma criação de família que foi muito bonito de assistir. E tive surpresas maravilhosas, senhoras que me abriram as portas do estabelecimento e as portas também da vida delas de uma forma muito generosa mesmo, muito bonita.»

Partiu do património gastronómico eborense e de cozinha em cozinha, foram as histórias das vidas que mais inspiraram Joana Martins, que vive agora nelas como se fossem suas e é a partir desse sentimento que vai trabalhá-las. No desenvolvimento deste trabalho trabalho a solo, confessa ser no confronto de ideias e no trabalho coletivo que se sente mais inspirada, por isso no próximo fim-de-semana o público vai poder assistir à sua apresentação em work in progress, sendo ainda convidado a “desembrulhar isto tudo”.

«Não é uma apresentação de um produto terminado. É uma apresentação do processo, que vai ser no sábado e no domingo, às 18h aqui, no Espaço Celeiros, em Évora! E é mesmo dessa forma que eu estou a preparar a apresentação. É quase como se eu pedisse aos espetadores uma certa ajuda para desembrulhar isto tudo! Portanto é nisso que estou e penso que estou a ser muito honesta com o processo em que estou ou com o lugar em que estou no processo.»

Dias 7 e 8 de agosto, Em Lume Brando de Joana Martins, pelas 18h00, no Espaço Celeiros em Évora, no âmbito do festival RASCUNHO: Ciclo Instável de Artes performativas no Feminino, organizado pela Colecção B.

+ info em www.coleccaob.pt

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